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Com dez anos de estrada e muita experiência musical na bagagem, finalmente saiu o primeiro CD do Khallice. Muito fácil de se gostar, esse trabalho é uma espécie de resumo da carreira deste brilhante time de músicos brasilienses. Havia muito tempo que a auto-proclamada capital brasileira do rock devia um trabalho tão bem feito e tão empolgante. No universo saturado do prog metal, o Khallice surge como algo mais que uma mera promessa, corroborando, ao optar pelo caminho inverso, aquilo que muita gente já sabe: música com técnica em excesso, mas desprovida de feeling vira um troço mecânico e insuportável.
Deixando de lado a "masturbação musical" em nome do bom e velho heavy metal (e mais um monte de outras influências) The Journey é o passaporte da banda rumo ao topo do prog metal brasileiro (definitivamente a banda não tem concorrentes a altura no país) e, quem sabe, mundial. A banda esbanja talento e sentimento em 9 excelentes composições. The Journey é o primeiro CD do grupo.
Nem sei direito por onde começar a resenha. Talvez pelas novas roupagens que as músicas da primeira demo receberam. A Tempestade, que aqui virou "Thunderstorm" ficou maravilhosa. Nem parece que essa música tem quase dez anos. O trabalho de Alírio Netto (V) é impressionante nessa faixa. As dobras de teclado e guitarra, que fazem a alegria dos fãs do Dream Theater também estão lá. "Loneliness" chama a atenção por ser a mais bem trabalhada do disco, repleta de detalhes e grandes variações ao longo de seus mais de 8 minutos.
A décima faixa do CD, disponível apenas para download no site oficial da banda, é uma versão muito interessante para A Balada do Louco, dos Mutantes. Novamente, não há muito o que se falar, a não ser que Alírio novamente dá show e que, de modo geral, embora em quase nada lembre a versão original, é um dos melhores covers dos Mutantes que eu já ouvi. Com um grande solo de Marcelo Barbosa (um dos melhores do país no seu instrumento. E isso não sou apenas eu que estou dizendo), é a faixa perfeita para abrir o disco. As quebradeiras de César Zolhof (D) e Michel Marciano (B) são um show à parte.
O melhor exemplo da técnica incrível da cozinha do Khallice é a faixa "Prophecy", uma verdadeira maratona prog metal, apesar de ter pouco mais de quatro minutos de duração. "Vampire", outra da época da demo (quando a banda ainda se chamava Calice e cantava em português), tem a cara de hit e poderia até rolar nas ditas rádios rock. Nesta faixa, o grande destaque é o trabalho do tecladista Bruno Wambler. Aliás, ele é o grande responsável pelas passagens mais "progressivas" que a banda cria em músicas como "Turn the Page", criando a base perfeita para o desfile de técnica e feeling de Marcelo Barbosa.
Falar de Marcelo Barbosa é falar de técnica apurada e solos que esbanjam bom gosto, acima de tudo. Mestre em timbragens, efeitos, velocidade, mas, principalmente, em feeling, ele é o dono do pedaço, apesar de não roubar espaço de nenhum dos seus colegas. Ouça "Spiritual Jewel" e entenda o porquê de tanta bajulação. O cara consegue transitar por estilos diversos, indo do pop ao speed metal, com a tranqüilidade e a segurança de quem tem muitos quilômetros de experiência.
Para aqueles que ainda acham que a banda soa derivativa demais, eu digo que até concordo. Mas é sempre importante ter em mente que, ainda que seja para copiar alguém, não é qualquer grupo que consegue reunir tantas qualidades musicais quanto o Khallice. Além disso, o domínio impressionante que cada um dos cinco membros da banda tem dos seus instrumentos, aliado ao feeling de sobra e à grande capacidade de composição garantem sucesso para quem apostar num futuro ainda mais promissor para o grupo.
Whiplash - 10.07.04 - Nota: 9
Tracks:
1 - Loneliness
2 - I 've Lost My Faith
3 - Spiritual Jewel
4 - Wrong Words
5 - Thunderstorm
6 - Vampire
7 - Turn The Page
8 - Prophecy
9 - The Journey
10 - Madman Lullaby (bonus track)
Lançamento: 2002, com relançamento em 2006